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- A educação é gasolina do motor para o desenvolvimento da Irlanda! Assim se expressou o representante do governo irlandês ao se dirigir à comitiva brasileira, formada por educadores, professores e empresários, que em Dublin se encontrava com objetivo de conhecer mais profundamente as razões do sucesso do sistema educacional irlandês.

A viagem educacional à Irlanda também foi especialmente enriquecida pela fala a respeito da educação irlandesa e brasileira feita pelo senhor embaixador do Brasil na Irlanda, Stélio Marcos Amarante.

No espaço de poucas décadas - 40 anos, a Irlanda se transformou de uma frágil economia rural para uma das mais bem sucedidas economias mundiais de alta tecnologia. A partir de 1990, as taxas de crescimento da Irlanda vêm se mantendo acima de 5% ao ano.

Atualmente, os grandes setores empresariais irlandeses estão centrados em softwares, computadores, biomedicina, farmacêutica, produtos médicos e serviços, e com forte aporte de capital americano, especialmente pelos estreitos laços culturais que existem com os EUA e pelo trunfo da língua inglesa - cerca de 40 milhões de americanos tem ancestrais de origem irlandesa.

Em virtude do dinamismo e da vitalidade do crescimento econômico verificado nos últimos 10 anos, a Irlanda passou a ser conhecida como Tigre Celta. E este "tigre" vem desempenhando papel importante na motivação e no entusiasmo de diretores e professores em torno de uma educação de qualidade e comprometidos com o sucesso dos alunos. Não há mágica, para um crescimento econômico duradouro há que se ter pessoas qualificadas! E a política governamental vem ao encontro disso e deu upgrade na educação para fazer o país andar a passos largos.

Os gestores das instituições educacionais visitadas, com orgulho, destacam as três qualidades atuais do país: estável, amigável e seguro e querem que estas palavras corram o mundo, abrindo fronteiras, conquistando espaços. Deixam claro que brigas religiosas fazem parte do passado e quem saiu ganhando foram os pubs! estes sim verdadeiras instituições na Irlanda e sonho de consumo dos jovens - ser dono de um! E nem tanto, jogador de futebol.

Como dissemos, os gestores das escolas e universidades colaboram para que a Irlanda esteja na crista da onda e para isso lançam mão da estratégia da internacionalização de estudantes. Para tanto, têm desenvolvido ações para atrair e intensificar fortemente a vinda de alunos estrangeiros e oferecem várias facilidades: cuidam dos documentos, ajudam nos vistos, se empenham em arrumar acomodações, interagem com a família dos alunos, dão aulas de inglês só para os estrangeiros. Atualmente, mais de 65 países tem matrículas de alunos e há bem poucos brasileiros estudando nas instituições irlandesas. Ademais, diversidade da cultura dos alunos enriquece o ensino, explicam.

Nos últimos anos, tem havido treinamentos constantes para os diretores das escolas, pois segundo eles, são os diretores, e não os professores, os responsáveis pelo sucesso dos alunos. E a pensar que diretor de escola por aqui cai de pára-quedas para assumir o cargo, entendendo bem pouco do funcionamento de uma instituição educacional! E para atrair bons professores há duas estratégias: uma, oferecer um ótimo salário e outra, garantir que a escola terá tolerância zero com a indisciplina dos alunos, o que melhora significativamente as condições de trabalho do professor.

A Irlanda tem 4.5 milhões de habitantes e quase 50% da população jovem irlandesa frequenta o nível superior de educação, contra os 15% da população jovem brasileira. E, neste particular, com freqüência escutamos surpresos alguns especialistas afirmarem que o setor de ensino superior brasileiro está consolidado. E os 18 milhões de analfabetos? e os 9 milhões que não terminam o ensino fundamental? e os 3 milhões que não concluem o ensino médio? e as altas taxas de evasão do ensino superior? Com este cenário há muito por fazer em todos os níveis de ensino.

Entre os que terminam a formação universitária na Irlanda, a grande concentração por área de especialização ocorre nos estudos empresariais (24%), seguida da Engenharia (13%), Ciências (10%) e Computadores e Software (10%).

Um assunto que merece destaque é a Trinity College Dublin - a Universidade de Dublin, orgulho dos irlandeses. Não é para menos, é uma das mais antigas universidades européias, fundada em 1592, está ranqueada em 53º. entre as 100 melhores universidades do mundo e em 13º. entre as da Europa. Só para efeito de comparação, a nossa USP ocupa a 196º. posição no ranking mundial! Situação que poderia ser bem melhor caso a USP tivesse mais alunos e professores estrangeiros em seus campi. Eis alguns números da Trinity:

15.300 alunos
10.800 na graduação e 4.500 na pós-graduação
94% dos alunos da graduação são full-time
60 cursos de graduação e 200 de pós-graduação
30 linhas de pesquisa
50 alunos por classe
24 semanas por semestre, 25 horas por semana, 5 horas por dia
84% são irlandeses
2.200 estudantes internacionais, sendo que 10% são europeus, 3% são norte- americanos, 3% são de outros países (não há brasileiros matriculados na graduação da Trinity, no doutorado, sim)
40% são homens
60% são mulheres
medicina e direito são os cursos mais concorridos.

A biblioteca da Trinity College Dublin é uma das grandes bibliotecas do mundo e desde 1801 goza do privilégio de receber um exemplar de qualquer obra publicada na Grã Bretanha e Irlanda. Atualmente, o número de volumes atinge mais de 5 milhões distribuídos em 8 edifícios e possui uma extensa coleção de manuscritos, dentre eles o famoso Book of Kells, um dos mais suntuosos e importantes manuscritos religiosos contendo os evangelhos do Novo Testamento, atraindo anualmente mais de 500 mil visitas!

 

Assim como fez o Chile, a Irlanda também fechou questão em torno de alguns pontos essenciais da política educacional que deveriam ser mantidos independentemente de mudanças de governo. Esta atitude, além de revelar uma maturidade na condução da política de estado, contribui fortemente para uma gestão mais eficiente da educação, que necessita de períodos de longo prazo para consolidar ações e permitir o salto de qualidade, mudanças a todo momento dificultam avaliações e correções de rumo.

Se assim fosse feito no Brasil não teríamos que assistir, só para citar um único exemplo, o desmonte do Provão, uma marca de sucesso altamente legitimada pela sociedade, para no seu lugar colocar uma outra avaliação do estudante, o ENADE, bem mais frágil e improdutiva. Por essa e outras, o Brasil continua sendo o país do futuro, pois não tem combustível para acelerar o motor do desenvolvimento econômico e social que nós brasileiros tanto almejamos!

Nossa comitiva também esteve na Escócia e as novidades daquele sistema de ensino abordaremos num artigo exclusivo.

Estudo feito por Ana Cristina Canettieri